VETO TEATRO OFICINA
50 ANOS A LEVAR EMOÇÕES DO PALCO PARA O MUNDO
1969/2019
[…] Ao longo dos anos, o Veto acolheu no seu seio, bem mais de mil pessoas que representaram,
fizeram cenários, participaram em cursos, ateliers e workshops, aprenderam a passar som e a
iluminar espetáculos, foram contrarregras, assistentes de bastidores, operadores de varanda,
sentiram o pó dos bastidores e as emoções únicas de enfrentar o publico e representar
estórias, sempre com uma preocupação de refletir a nossa condição de vida em sociedade.
Neste mesmo tempo, estrearam-se mais de quarenta espetáculos de teatro para crianças e um
numero superior a meia centena destinado ao publico adulto. Espetáculos que foram
apresentados alguns milhares de vezes e, vistos por muitos milhares de espectadores de todas
as idades. […]
Texto por Nuno Domingos apresentado em sessão solene de 28.11.2019, no Salão Nobre do edifício dos Paços do Concelho,
na oportunidade da 137.ª Assembleia de Investigadores do CIJVS, comemorativa do 50.º Aniversário do Veto Teatro Oficina
com a presidência da Sr.ª Vice-Presidente do Município, Dr.ª Inês Barroso.
Em Outubro de 1969, José Ramos, José António de Oliveira Beja, Nuno Netto de Almeida, António Júlio, ex-alunos do Professor Carlos de Sousa e, Carlos Oliveira, deram força a um projecto, começando por representar teatro para crianças, aos domingos de manhã. Espectáculos com entradas gratuitas, no Teatro Taborda a que se seguiam representações em itinerância. É nesta altura que surgem, no Círculo Cultural Scalabitano, pela segunda vez os palhaços, interpretados agora por António Júlio e Carlos Oliveira, o Pantufa e o Farófias.
Até Maio de 1973, viveu-se um período de grande entusiasmo, sendo montadas 12 peças de teatro para crianças, apesar das muitas dificuldades e da total falta de apoio oficial, próprio da época que se vivia.
A 5 de Julho de 1973, o grupo assume o nome de Veto Teatro Oficina, estreou-se um espectáculo de grande ousadia política, dirigido e representado por Carlos Oliveira, Gomes Vidal, Maria João, Helder Santos, Nuno Domingos, José Ramos e António Batalha.
Um ano mais tarde, houve conhecimento do processo instaurado pela polícia política (PIDE) e das graves consequências que nos atingiriam em Maio, se não tivesse acontecido a alvorada de Abril de 1974.
Finalmente, começou a representar-se em liberdade e, desde então, nestes últimos trinta anos, assistiu-se ao mais intenso período de produção teatral, desde que esta arte teve início no teatro Taborda.
A este respeito, realça-se a organização do “Encontro de Mãos Dadas”, acção de formação dedicada a grupos de teatro, entre outros projectos.
O Veto foi fundador da APTA – Associação Portuguesa de Teatro de Amadores, da ARSTA – Associação Regional de Santarém de Teatro de Amadores, do CPTIJ – Centro Português de Teatro para a Infância e a Juventude, instância que juntava actores profissionais e amadores.
As produções do Veto puderam ser vistas em países como os Estados Unidos, Republica Checa, Inglaterra, França, Finlândia, Espanha e Brasil.